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Mulheres e o Veganismo. Contra o patriarcado?

Atualizado: 9 de abr. de 2021

Seguuuura que lá vem textão!!!


Estamos no mês de março e o Dia Internacional da Mulher se aproxima. Mais do que receber flores, a data é para reflexão. Sendo eu mulher vegana e, percebendo - pelo menos no meu ciclo de amigos, conhecidos e contatos de redes sociais – que o movimento vegano destaque-se pelo grande número de mulheres, resolvi pesquisar sobre o porquê o veganismo ser tão feminino.


Para que essa afirmação não fique só na percepção, é importante ter números, certo? Mas eles não existem oficialmente ou de forma confiável. Em outro post meu, comentei sobre a fragilidade da pesquisa do Ibope Inteligência, realizada em 2018, que afirma que 14% da população não consome proteína de origem animal, um aumento de 75% em comparação com a mesma pesquisa feita em 2012. Uau, seria uma maravilha!! Mas não é verdade. Muitas pessoas ainda confundem os termos vegetariano e vegano e há ainda aqueles que acreditam que apenas deixar de consumir carne vermelha é o objetivo do vegetarianismo. Mas essa discussão é pra outro chopp. Você pode saber mais sobre isso neste artigo aqui.


Aqui gostaria de focar na questão do feminino. Das mulheres. De nós.




Segundo a Vegan Society do Reino Unido, em 2016 havia duas vezes mais mulheres do que homens no veganismo. Nos Estados Unidos, 79% das pessoas que se declaram veganas (2014) são mulheres. Mas, o que justifica essa diferença tão grande entre os gêneros?


Vemos muitos homens liderando movimentos ambientais, grandes políticos e cientistas. Então como explicar que uma prática que reduz a emissão de gases do efeito estufa, a degradação ambiental e o risco à segurança alimentar não tenha uma aderência maciça da sociedade como um todo e dos homens em particular?


E tem ainda o aspecto da saúde e bem-estar. O veganismo prolonga a vida em cerca de 15%, reduz risco de câncer, obesidade e diabetes tipo2 e diminui os sintomas da asma.


Existe arraigada em nossas mentes a história romantizada do homem caçador e da mulher coletora, ainda lá nos tempos das cavernas. Essa imagem reforça a cultura do machismo que liga virilidade a comer carne, a caçar, a matar e a explorar outras espécies, especialmente as fêmeas das outras espécies. Exibir cabeças de animais caçados nas paredes, a imagem do “cowboy americano” que é sinônimo de “macho alfa” e os churrascos em família, sempre com o homem na churrasqueira foi vendida mundialmente pelo cinema americano. No Brasil também temos essa imagem e a cultura forte do churrasco. O “peão de boiadeiro”, os rodeios e vaquejadas fazem parte desse universo tão masculino. Ao mesmo tempo, há uma desaprovação entre os homens quando alguém do grupo se torna vegano. São comuns associações com aspectos femininos, com homossexualidade e com o mito da soja – que teoricamente reduziria os hormônios masculinos, cunhando, nos Estados Unidos, o termo “Soyboy”. Tudo isso torna mais difícil que os homens em geral se tornem veganos.


Em contrapartida, temos o sagrado feminino, sempre ligado à Terra e às Águas, à maternidade e ao cuidado com os outros. Mulheres, no geral, tendem a se preocupar mais com o futuro – que deixarão para os seus descendentes mesmo quando não são mães. Estudos demonstram uma maior presença de agrotóxicos no leite materno de mulheres onívoras do que no de mulheres veganas. Isso se explica pela característica lipossolúvel (capacidade de se misturar com gordura corporal) dos agrotóxicos, que se bioacumulam no organismo dos animais - que consomem ração produzida com agrotóxicos - e, posteriormente, nos humanos.


O cuidado com o Planeta também é uma preocupação maior entre as mulheres. São também elas as que mais se preocupam em reciclar e separar o lixo, por exemplo. Portanto, é natural que o modo de vida vegano atraia tantas mulheres. A relação com a Terra como fator de produção também privilegia mulheres veganas. A produção de vegetais necessita de uma área muito menor do que a produção de animais, o que possibilita a agricultura familiar de subsistência, normalmente conduzida por mulheres.


Também não enfrentamos tanto preconceito cultural quando nos propomos a mudar nosso estilo de vida. Temos mais facilidade para testar novas receitas, para cuidar de nós sem depender que outra pessoa prepare nossas refeições, por exemplo.




As mulheres também têm mais empatia com a dor, especialmente com a dor das fêmeas das outras espécies. Sabemos o que é ser exploradas e subjugadas. Entendemos as dificuldades do parto e da separação dos filhos, como ocorre na indústria leiteira. A dor nas mamas para a amamentação é multiplicada inúmeras vezes na ordenha mecânica. Temos uma ligação mais visceral com os filhos, o que pode explicar o horror que sentimos quando vemos os pintinhos machos sendo triturados na indústria dos ovos. Nos identificamos bem com o medo da tortura, o medo da separação de nossos filhos, o medo da falta de liberdade, o medo da morte.


Então, mulher, você, forte, vegana ou vegetariana, ou ainda aquela que não se decidiu por este modo de vida, mas se preocupa com tudo o que falamos, PARABÉNS! Está em nossas mãos mudar o mundo e torná-lo mais sustentável, mais empático, mais amoroso onde será possível a convivência pacífica entre todas as espécies do Planeta.


Feliz mês da Mulher.



Você concorda com o que foi dito? Sim, não? Deixe seu comentário e amplie essa reflexão!

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