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Cólicas fortes? Pode ser Endometriose. Saiba como a alimentação pode ajudar.

Atualizado: 24 de abr. de 2023

No dia 28 de março de 2023 aconteceu o "Vitrinni Fashion Show: Mulheres que Vão Além", no Vitrinni Shopping em Águas Claras. Participamos de um painel muito interessante sobre os diversos ciclos da mulher - no mês e na vida - e o papel da alimentação em cada momento.


Para quem não pôde participar nem acompanhar a transmissão ao vivo, trouxemos um pouquinho do que foi falado no evento, aqui no blog.


A participação mais que especial de hoje é da nutricionista Lydiane Rodrigues, que brilhou no painel, junto com a também nutricionista Letícia François.


Confira o que a Lydiane preparou pra gente sobre esse tema tão relevante na vida de tantas mulheres!


Alimentação baseada em plantas na prevenção e tratamento da Endometriose

Por Lydiane Rodrigues




A endometriose é uma doença inflamatória crônica, dolorosa, que afeta aproximadamente 10% da população feminina. Ela é caracterizada pelo crescimento de tecido do endométrio fora da cavidade uterina, mais frequente nas áreas pélvicas como trompas de falópio, ovários e peritônio, bexiga, ureteres e intestinos.


Os sintomas mais frequentes incluem dor crônica no abdômen, cólicas incapacitantes antes e durante a menstruação, dor ao urinar, dor durante o sexo, vontade intensa de evacuar sem conseguir de fato fazer.


Tratamento engessado

Veja, analgésicos para aliviar as dores possuem eficácia limitada e efeitos adversos que limitam seu uso. Anticoncepcionais utilizados para suprimir a expressão hormonal de estrogênio e demais terapias de modulação hormonal usados para reprimir a função ovariana, não são recomendadas para pacientes que desejam engravidar. Vale destacar que o tratamento com terapias hormonais geralmente é interrompido pelas pacientes, por conta de efeitos colaterais, como ganho de peso, náuseas, dores de cabeça, diminuição da libido, alterações do humor.


A histerectomia parcial ou total, que consiste na retirada do útero, trompas e ovários é eficaz na redução da dor e da recorrência dos sintomas na endometriose, mas é uma cirurgia de grande porte e claro, acaba com a fertilidade.

Neste sentido, o tratamento tradicional com analgésicos, anticoncepcionais, terapias hormonais e histerectomia não resolvem a raiz do problema. Mulheres precisam desenvolver um estilo de vida que minimize os gatilhos genéticos, ambientais, imunológicos e inflamatórios que estão relacionados com o desenvolvimento dessa doença.


Genética não é destino

Quero lembrar que genética não é destino. Costumo dizer que a genética carrega a arma enquanto o estilo de vida puxa o gatilho. Entende? A genética é como um interruptor, enquanto o estilo de vida acende a luz. Ou seja, no aspecto genético, a pessoa pode ter 100% de risco de desenvolver endometriose, mas dependendo do estilo de vida é possível silenciar/suprimir ou ativar os genes envolvidos no desenvolvimento dessa doença.


Assim, a alimentação equilibrada, sobretudo, baseada em plantas, e aspectos comportamentais podem ser úteis na prevenção e tratamento da endometriose, inclusive da dor associada. Através do impacto da alimentação baseada em plantas na modulação hormonal adequada de estrogênio, na redução da inflamação e supressão de genes associados à patologia.


Equação para equilibrar os hormônios

A endometriose é uma condição dependente de estrogênio que pode ser afetada pela alimentação devido sua influência nos hormônios esteroides. O consumo de alimentos de origem animal pode ter impacto no risco de endometriose, pois afeta os níveis de hormônios esteróides. Quando os hormônios estão desequilibrados, torna-se mais difícil ocorrer a ovulação, aumenta problemas de fertilidade e dor pélvica.


Pesquisas recentes apoiam que uma alimentação rica em fibras e com menos gordura reduzem níveis de estradiol, testosterona e estrona em até 25% e estradiol em 40%.

Nosso fígado está constantemente removendo excesso de hormônios, toxinas e medicamentos para o ducto biliar e em seguida intestino para serem eliminados. Mas esse processo requer fibras dietéticas, com elas fica mais fácil para o corpo eliminar toxinas e hormônios indesejados. Sem elas na quantidade necessária os hormônios indesejados em vez de serem eliminados, voltam para a corrente sanguínea. As fibras dietéticas são abundantes nos vegetais, mas não há nenhuma em produtos de origem animal.


Alimentação rica em fibras reduzem estrogênio no corpo, enquanto a gordura aumenta o estrogênio.


O desequilíbrio na ingestão de gorduras é um dos principais gatilhos para a inadequação do peso corporal. Tanto o baixo, quanto o excesso de peso podem influenciar de forma negativa na modulação hormonal. No excesso de peso, por exemplo, as células de gordura produzem hormônios femininos e masculinos extras, que são liberados na corrente sanguínea. Enquanto no baixo peso, IMC abaixo de 18Kg/m², os níveis de estrogênio podem ser insuficientes.

Portanto a equação é essa:
+ Fibras – Gordura saturada/trans + Peso saudável = Modulação hormonal adequada

Mais alimentos pró-inflamatórios, mais dor

Dor significa inflamação. Por isso, quanto menos inflamação, menos dor. Nesse sentido, os alimentos que promovem inflamação e podem contribuir para sintomas dolorosos incluem carne vermelha, cafeína, gordura saturada e trans.


Dois estudos prospectivos encontraram relações significativas entre o consumo de carne vermelha, independente de ser processada ou não, e o risco de desenvolver endometriose. As mulheres que consomem mais de duas porções de carne vermelha por dia tiveram um risco 56% maior de endometriose, em comparação com aquelas que consomem menos de uma porção de carne vermelha por semana. A ingestão de aves também foi associada a um maior risco, mas em proporção bem menor em comparação à carne vermelha.


O consumo de carne vermelha pode estar associado a níveis mais altos de estradiol e sulfato de estrona e consequentemente concentrações mais altas de esteróides, inflamação, desenvolvimento da endometriose e dor. A carne vermelha também promove a expressão de marcadores pró-inflamatórios envolvidos no desenvolvimento e progressão da endometriose. Portanto, reduzir o consumo de carne vermelha pode ser uma estratégia eficaz para reduzir o risco de endometriose, especialmente para mulheres com sintomas de dor incapacitante.


Uma meta-análise sugere que a ingestão de cafeína maior que 300mg dia pode estar associado a um maior risco de endometriose. Na prática no máximo três pequeninas xícaras de café preto para quem deseja controlar a inflamação e dor.


Já a quantidade e qualidade das gorduras parecem ser fatores moduladores da endometriose. Por exemplo, descobriu-se que a ingestão de ácido palmítico, um tipo de gordura saturada presente principalmente na carne e laticínios e a gordura trans estava associada a um risco aumentado de endometriose, enquanto o consumo total de gordura não conferia o mesmo risco. Veja, embora aqui no Brasil a gordura trans tenha sido reduzida dos produtos alimentícios desde 2019 e banida a partir de janeiro de 2023, ela está naturalmente presente na carne e nos laticínios de vacas e ovelhas. Por outro lado, o consumo de ômega 3 reduz o risco de endometriose.


Menos dor, por favor

Agora, os alimentos para combater a inflamação incluem frutas, vegetais, sementes, castanhas, leguminosas e cereais que apresentam fitoestrógenos e compostos bioativos e micronutrientes.


Os fitoestrógenos são encontrados em vegetais, frutas, chás, grãos, feijão, couve, soja, oleaginosas e repolho. A isoflavona por exemplo, demonstrou suprimir a proliferação de células estromais no endométrio. As lignanas constituintes da parede celular vegetal, sendo sua principal fonte a linhaça tem ação anti-inflamória.


Compostos bioativos como a cúrcuma presente no açafrão, o gengirol no gengibre, o resveratrol presente nas sementes e casca das uvas. Possuem função antioxidante, anti-inflamatória. Os nutrientes como pró-vitamina A encontrados em frutas e verduras nas cores amarelo e laranja. Vitamina C em abundância nas frutas cítricas. Vitamina E no abacate e sementes e castanhas. O ferro dos feijões, vegetais verde escuros e temperos como coentro, salsa, cominho. Ácidos graxos ômega 3 em noz, óleo de algas e sementes como linhaça, chia. Combatem a inflamação e dores.


Frutas, verduras, leguminosas, cereais integrais e oleaginosas. Eis os 5 grupos alimentares que maximiza a qualidade de vida de pessoas com endometriose. Pessoas que consomem entre 4-6 porções de frutas/vegetais por dia reduzem o risco em até 12% de endometriose em comparação as pessoas que consomem até 2 porções.


Minha missão pra você: inclua mais alimentos vegetais no seu dia a dia que automaticamente não vai sobrar espaço para os produtos de origem animal. Na loja Viva Vegan você encontra manteiga, queijos, bebidas vegetais, presuntos, salsichas, linguiças, almôndegas, hambúrgueres e muito mais. Todos com ingredientes totalmente vegetais e incrivelmente saborosos, nutritivos, mas com mais fibras, compostos bioativos, com menos gorduras e muito amor.


Ah, e se você precisa de um planejamento alimentar individualizado, focado na prevenção e tratamento da endometriose ou qualquer outra condição inflamatória ou hormonal. Se você deseja ser um VEGetariANO blindado à prova de deficiências nutricionais e comentários sem noção. Entre em contato comigo! Bjo da nutri. | Lydiane Rodrigues.



Quem é Lydiane Rodrigues


-Nutricionista, mestre em nutrição e saúde, especialista em nutrição funcional e nutrigenômica com aplicação no vegetarianismo e veganismo.

-Coautora de livros na área de coaching esportivo e saúde.

- 1º Lugar do Prêmio IEL de Estágio 2011 com o projeto 'NutriSustenta: nutrindo com sustentabilidade'.

Instagram: @lydianerodrigues

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